Na Ponta dos Olhos.
Ela parou e me olhou nos olhos.
Olhou la dentro.
Doeu.
Seus lábio se abriram levemente, como que para dizer alguma coisa.
Novamente se fecharam. O olhar doeu mais ainda.
Ai, chegou na alma, pensei.
Então a voz dela saiu como num sopro, cuspindo aquele ar quente imundo na minha cara:
- Você está sentindo alguma coisa?
- Rá - ri sem graça.
AAiii. Ela me fitou tão fundo que achei melhor responder logo.
- Não. Não sinto nada.
- Você está de troça comigo?
- Rá - e completei a frase antes de ela fizesse doer mais -, não. Mas você está desatualizada.
- O Senhor não vê que está empacando a fila?
- Vejo, pois meu problema não é de visão. Meu problema é que não sinto nada.
- Não sente nada mesmo. Nem vergonha na cara, nem compaixão. Tem mais gente na fila.
- É, eu sei. Quando eu cheguei também tinha gente na fila e eu aguardei.
- O senhor pode se retirar?
- Não. Eu não vou me retirar.
Xi, aquele olhar de novo. Vou fingir um desmaio para não ter que olhar em seus olhos.
Ela mandou o segurança me retirar do hospital.
- Sinto muito senhor. Mas vou ter que te retirar.
- Sim, claro. Mas eu não sinto nada - respondi.
Tive que ler umas duas vezes pra entender... haha
ResponderExcluirVamos ver se esse vai... Pq o outro o Sr. abandonou né ? HSAUHS
abraço querido.
Saudades.